Adunicamp Plural e Democrática e as Ciências

Em documento recente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) se estabelece que “O Brasil reúne condições ímpares para utilizar eficientemente ciência, tecnologia e inovação em um projeto de desenvolvimento ousado e transformador que contribua para reduzir as desigualdades, melhorando o nível de vida da população e colocando o país em um lugar de destaque no cenário internacional”.

Dessa maneira, o colegiado acadêmico mais importante do país reconhece que a redução da desigualdade e a melhora do nível de vida da população são metas nacionais válidas, para atingir as quais ciência e tecnologia são ferramentas importantes. Por outro lado, ciência, tecnologia e inovação não operariam no sentido desejável de maneira automática, senão através de “um projeto de desenvolvimento ousado e transformador”. É oportuna, por outra parte, a ressalva de que “deve ser preservado o espaço da ciência básica como indutora de grandes transformações científicas e tecnológicas e promotora de uma cultura da verdade e do conhecimento”.

Mais adiante, no mesmo documento, a ABC reclama “a fixação de prioridades que removam importantes obstáculos ao desenvolvimento nacional”. Segundo a Academia, “Esses obstáculos incluem a precária escolaridade dos brasileiros, os atuais baixos investimentos em infraestrutura, a insuficiência de recursos governamentais para o apoio à pesquisa e à inovação, e o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento de empresas instaladas no Brasil”.

Em outro parágrafo significativo, o texto da Academia diz: “É preciso reconhecer que, não obstante os grandes avanços da ciência brasileira nas últimas décadas, o Brasil ainda segue, com raras exceções, uma agenda internacional de pesquisa (ou seja, a ciência cujas linhas mestras são ditadas pelas economias centrais sem, ou com pouca, especificidade em relação às demandas nacionais), o que pode limitar o seu protagonismo global.”

A Chapa Adunicamp Plural e Democrática considera que os temas abordados pelo documento da ABC são relevantes e pertinentes para docentes e pesquisadores de nossa Universidade. Concordamos, em linhas gerais, com os posicionamentos da Academia Brasileira de Ciências aqui citados. Ciência e Educação são ferramentas formidáveis para reduzir a desigualdade e satisfazer as necessidades básicas da população. Isso induz responsabilidades não triviais para nossos governos e para nós mesmos. A invocada “especificidade em relação às demandas nacionais” envolve a necessidade da análise crítica de nossas atividades de pesquisa e ensino, sem abrir mão da excelência acadêmica convencional. Por outro lado, a atual insuficiência de recursos pode ser fatal para a continuação do desenvolvimento científico brasileiro.

É necessário unir esforços com os demais sindicatos docentes e de pesquisadores e com as autoridades das universidades e agências de pesquisa dispostas a enfrentar as atuais políticas restritivas. Se trata, como expressa o documento da ABC, de empreendimento de dimensões nacionais.

Acreditamos que a maioria dos docentes da Universidade, sobretudo os mais envolvidos em pesquisa, concordam com estas ideias. Se formos eleitos para dirigir a Adunicamp no próximo período, seremos consequentes com sua defesa.

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